OS DONOS DE PORTUGAL
Cem anos de Poder económico (1910-2010)
Cem anos de Poder económico (1910-2010)
Jorge Costa, Luís Fazenda, Cecília Honório, Francisco Louçã, Fernando Rosas
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 400
Editor: Edições Afrontamento
O livro Os Donos de Portugal expõe a história da burguesia, e do seu processo de acumulação de capital, no período de cem anos, compreendido entre 1910 e 2010.
Se, por um lado, são abordados os recentes escândalos associados ao BCP, BPN e BPP, os autores procuram abordar as origens das grandes fortunas, nascidas “da protecção: pelas pautas alfandegárias contra a concorrência, pela ditadura contra as classes populares, pela liberalização contra a democracia na economia”, e demonstram “como os donos de Portugal se instalam sobre o privilégio e o favorecimento”.
" Em 2010, a burguesia é essencialmente a mesma que existia na ditadura, reforçada com alguns potentados emergentes e com poucos recém-chegados recrutados nas elites ministeriais e que demonstraram zelo inexcedível.
A economia portuguesa sempre foi um território de desigualdade extrema que se vem agravando. Estes donos de Portugal dominaram sempre mais de um terço do produto português e, assim, dirigem a rede social da acumulação de capitais. O seu predomínio na economia e a sua parceria com o Estado articulam toda a economia, e a estrutura empresarial do país inteiro depende dessa liderança.
Essa desigualdade é organizada pelo Estado, que é o produtor da burguesia portuguesa. É sempre o Estado, fosse ele ditatorial ou não, que protege, que seleciona, que ampara, que financia,que organiza o monopólio, que paga a renda. A importância estratégica do rotativismo político está aqui: é assim que se assegura a estabilidade desta ordem de desigualdade. O Estado é a estratégia.
Estas empresas dominantes nos últimos cem anos são propriedade de algumas famílias que são essencialmente a mesma família. Este mundo é muito pequeno. Numa palavra, a burguesia portuguesa é uma família de famílias , com os Mello ao centro.
Existe um processo assinalável de mobilidade social ascendente que permite o acesso restrito a este Olimpo: é o de quem inicia carreira num partido ou no Governo para depois entrar numa administração de empresa ou lugar de enriquecimento garantido.
A burguesia portuguesa foi sempre incapaz de democratizar a modernização do país.
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