25 de novembro de 2014

Balanço da Campanha de Solidariedade com a Biblioteca da Nazaré



Passados cerca de quatro semanas após o lançamento da campanha de recolha de fundos para a Biblioteca da Nazaré é importante fazer um primeiro balanço.
A Biblioteca da Nazaré, com o esforço dos seus sócios e amigos, conquistou o Presente e olha com esperança para o Futuro. Dezenas de sócios e amigos da nossa colectividade contribuíram para uma campanha que permitiu angariar até à data de hoje 1085 €. A solidariedade demonstrada por todos os que contribuíram, mas também por todos os que divulgaram a iniciativa, enche-nos de orgulho e de responsabilidade.
Decidimos manter esta campanha até ao fim do ano, para que todos tenham a possibilidade de contribuir para este projecto social e cultural. O nosso mais sincero agradecimento a todos.
Durante este período reunimos com o executivo camarário que demonstrou sensibilidade pela situação que atravessamos, regularizando 2250 €, o que representa mais de metade das verbas que nos tinham sido atribuídas em anos anteriores e ainda não tinham sido pagas.

NIB: 003505310000142683041

IBAN PT50003505310000142683041

Peço-vos o favor de, quando fizerem a transferência, colocarem no descritivo “Solidário com a Biblioteca”. 

11 de novembro de 2014

Livros para levar para Casa - O Estaleiro de Onetti



O uruguaio Juan Carlos Onetti (1909-1994) é autor de um dos universos literários mais originais e coerentes da literatura em língua espanhola; infelizmente, o seu reconhecimento tem sido lento. A Ulisseia acaba de reeditar, em nova tradução - a anterior é da década de 80 -, o romance "O Estaleiro" (1961), uma obra-prima de rigor e delicadeza e que é talvez o melhor exemplo desse nebuloso mundo onettiano feito de personagens sóbrias que parecem caminhar sem rumo, afundadas na melancolia, debatendo-se sem vontade numa indolente inércia sem esperança ou, ainda, entregando-se de braços caídos, numa espécie de sonambulismo, a um desespero que parece fatídico.

Em "O Estaleiro", Onetti conta-nos a história da decadência de um homem, Larsen, que, cinco anos depois de ter sido expulso da cidade, volta a Santa María com o seu "ar de forasteiro negligente" e a esperança de dar um sentido à vida, qualquer que ele seja. (Santa María, esse lugar mítico onettiano - à semelhança da Macondo, de García Márquez, ou da Comala, de Juan Rulfo - surgiu pela primeira vez na geografia literária latino-americana no conto "A Casa na Areia", de 1949, e logo no ano seguinte no romance "A Vida Breve" (Relógio d'Água, 2008)).

Larsen emprega-se como gerente num estaleiro em ruínas, onde há já muito tempo que não é reparado qualquer barco; o seu escritório inverosímil, entre "os ratos e a esponja das madeiras podres", situa-se num edifício cinzento perdido numa "paisagem amarelada e desconsolada", cercado por ervas daninhas e por vedações de arame onde crescem trepadeiras. Neste ambiente desolador, o seu trabalho não tem qualquer sentido, qualquer esforço é inútil para tirar o estaleiro do caos em que mergulhou. Vive num quarto de uma pensão miserável "ouvindo o anúncio do fim da tarde nos gritos dos animais distantes". Entretanto, vai fazendo a corte a Angélica Inés, uma rapariga tonta filha de Jeremías Petrus, o velho que é dono do estaleiro. Passado algum tempo, apercebe-se de que os outros dois empregados (Gálvez e Kunz) vendem peças que estão por ali abandonadas para fazerem algum dinheiro, pois os seus salários existem apenas nos livros de contabilidade da empresa. Mais tarde, e antes de desaparecer, um dos homens acabará por denunciar o velho Petrus, entregando à polícia provas de falsificação de documentos.

É neste vazio existencial, de viver por viver, de onde a única saída parece ser a morte, que Onetti nos dá conta da decadência de um homem que acabará por não se conseguir salvar no absurdo da vida numa sociedade miserável, nessa mítica Santa María ("terriola verdadeiramente imunda", como diz a personagem Larsen). O universo literário onettiano é este mundo de vidas que não se chegam a cumprir, marcadas pelo pessimismo, e em que as personagens têm arreigada a ideia de que, façam o que fizerem, no fim não conseguirão escapar a serem devoradas pela frustração. Não raras vezes, o singular universo do escritor uruguaio é visitado por personagens amorais, por seres solitários e abandonados, ou por prostitutas desesperadas (Larsen foi em tempos dono de um bordel); são seres que se movem lentamente perto do abismo (do qual só conseguirão salvar-se se forem capazes, ao contrário de Larsen, de encenar continuamente o delírio ou a loucura). Esta dialéctica, tantas vezes recorrente na sua obra, entre a realidade e o mundo imaginado, que serve como ponto de fuga ao desespero das personagens, parece ter sido inspirada na própria vida do autor uruguaio, que, e ainda segundo Vargas Llosa, encontrou na literatura um antídoto para o seu irremediável "pessimismo congénito".

Sugestão de Leitura




UMA CONSPIRAÇÃO PERMANENTE CONTRA O MUNDO - 
REFLEXÕES SOBRE GUY DEBORD E OS SITUACIONISTAS

ANSELM JAPPE

Em 2013, o Estado francês dedicou a Guy Debord uma grande exposição na Biblioteca Nacional, depois de ter adquirido os seus arquivos, declarando-os um «tesouro nacional» que «se reveste de uma grande importância para a história das ideias na segunda metade do século xx e para o conhecimento do trabalho, sempre controverso, de um dos maiores intelectuais desse período». Debord goza há vários anos de uma grande reputação no seio da «sociedade do espectáculo» e é citado por ministros e por outras personalidades que querem exprimir a sua preferência por um capitalismo «sólido». Mais do que nunca, impõe-se uma pergunta: ter-se-á conseguido recuperar Debord, neutralizá-lo e inseri-lo no circo mediático?

Uma Conspiração Permanente contra o Mundo é fruto de quase vinte anos de reflexão sobre a obra de Guy Debord e o percurso dos situacionistas. Reúne ensaios e artigos que aprofundam a popularidade recente do autor e a incongruência entre a atenção de que tem sido alvo pelos mass media e uma produção teórica que critica a sociedade do espectáculo. Estudo sobre o legado do situacionismo, acentua a especificidade de Debord, estabelecendo diversos paralelismos com o pensamento de Hannah Arendt e de Theodor W. Adorno.

31 de outubro de 2014

Solidários com a Biblioteca da Nazaré | Colectividade Popular


A situação da Biblioteca é grave do ponto de vista financeiro.

Há 75 anos que servimos a comunidade de forma gratuita. Neste período contruímos um património humano, arquivístico e cultural que engrandeceu a Nazaré e contribuiu para a transformação de mentalidades e do mundo em que vivemos. Na Biblioteca muitos fizeram pela primeira vez teatro, outros conheceram a obra de grandes autores e arriscaram as primeiras letras e palavras. Organizaram-se exposições, ensinou-se fotografia e cultivou-se o debate de ideias.

A principal fonte de receitas, a Feira do Livro, não gera lucros suficientes para manter a porta aberta durante um ano inteiro. Os apoios públicos, nos últimos anos, não passam da palavra, estrangulando ainda mais a nossa situação financeira.  

São estes os momentos que nos chamam a dar uma grande parte de nós para não aceitarmos a fatalidade de um qualquer destino. Este investimento terá que ser nosso... em tempo... em dinheiro...em vontade.

Lançamos assim a campanha “Solidário com a Biblioteca”. Contamos com todos para salvar esta Associação. Para tal basta fazer um contributo mínimo de 5€, (não existe um valor máximo) para o NIB da Biblioteca da Nazaré, ou fazê-lo pessoalmente na sede da Biblioteca da Nazaré, na rua Mouzinho de Albuquerque, 51. Contribui e faz com que os teus amigos também o façam.

Assim construímos o Futuro!

Os donativos (mínimo 5 euros, sem tecto máximo) devem ser feitas para a conta da Biblioteca:

NIB: 003505310000142683041

IBAN PT50003505310000142683041

Peço-vos o favor de, quando fizerem a transferência, colocarem no descritivo “Solidário com a Biblioteca”.

O comprovativo deve ser enviado para bibliotecadanazare@gmail.com





11 de agosto de 2014

Feira do Livro - Noite Musical com Abílio Ferro e Abílio Caseiro

Venha conhecer ao vivo dois grandes talentos da música popular portuguesa... uma noite para a história da Feira do Livro da Nazaré

8 de agosto de 2014

Feira do Livro -Tertúlia com Carlos Fidalgo


Venha passar a noite de sábado na companhia de Carlos Fidalgo e da Biblioteca da Nazaré... e assim conhecer os passos da nossa  história enquanto povo...

6 de agosto de 2014

Feira do Livro da Nazaré - Sessão Literária - 7 de Agosto 22 Horas


Visita a Feira do Livro e participa na leitura e discussão de textos poéticos de diversos escritores... uma iniciativa da Editora Alma Azul

3 de agosto de 2014

Feira do Livro da Nazaré - à conversa com Gabriela Ruivo Trindade - Vencedora do Prémio Leya


A força do livro está para o crítico literário brasileiro José Castello, que também fez parte do júri, “na insatisfação” que gera a escrita de Gabriela Ruivo Trindade. “É uma escrita polifónica. Uma escrita que mistura fotografia, árvore genealógica, é uma escrita inquieta”, disse Castello ao PÚBLICO. “Muitas vezes existem livros bem narrados, bem organizados mas escritos com medo. Escritos dentro de modelos clássicos, repetitivos. E esse livro, mal você começa a ler, começa a descobrir que está entrando num terreno que nunca pisou."
Para o crítico, "essa aposta numa escrita muito original, num olhar original sobre o mundo parece[-lhe] que foi o motivo mais forte para premiar esse livro”. O romance tem “um entrelaçamento de histórias”, mas “o principal são as vozes”. “Você nunca sabe direito os limites de fantasia e de realidade. É um livro muito interessante, só lendo mesmo para poder entender”, acrescentou.
Segundo o grupo Leya, esta foi, até agora, a edição “mais concorrida e internacional” do prémio, com 491 originais oriundos de 14 países

31 de julho de 2014

Feira do Livro da Nazaré - Exposição "Presenças" de Letícia Oliveira

Letícia Oliveira trilha um caminho muito próprio ainda que possa se deixar encantar por Kandinsky e Miró e o consigamos sentir na sua obra. Esta contudo afasta-se quando cresce com uma linguagem única e sua.
Letícia não se afasta de si própria, dá-nos o seu interior, a sua subtileza, delicadeza, equilíbrio e harmonia.
Deixo-me encantar pela sua obra e deambulo em cada quadro da autora deixando aflorar algumas ideias sem fechar a observação a um espaço redutor.
Esta é a possibilidade de um olhar...
Os elementos da “cidade” juntam-se em harmonia perfeita, ainda que desabitada, pois a permanência das pessoas é idealizada pelo contemplador, pela emoção que o desenho transporta. É uma cidade feliz,
carregada de elementos diversos. Um desenho gracioso.
Os “mundos” opõem-se diversificados e em comunicação. O espaço vazio é preenchido, facilmente preenchido pela palavra não escrita mas pensada por nós.

São perspectivas distintas que se parecem contrapor e criar uma outra num espaço em branco atractivo.
O “monte da sabedoria” é complexo, bem estruturado e firme levando-nos ao interior da artista. Interior equilibrado, singelo e quase perfeito.
São apresentados edifícios, pontes, aspectos do mundo externo que não fogem à beleza plástica interiorizada que transporta  para o papel com material simples, despretensioso.
Viajamos para outros espaços, para a América, trazendo-nos não a imponência da “estátua da liberdade”, mas um desenho quem sabe talvez irónico de uma liberdade contestada e contestável. Depois o cenário é
Paris, os ícones, a “Torre Eiffel”, as marcas que são intransponíveis de culturas que nos são próximas.

A “simplicidade” das linhas, das formas encontradas e do circulo perfeito, que se repete ao longo da obra que se apresenta convidativa ao diálogo, ao sentimento e à reflexão. Existem igualmente elementos da
natureza, recriados na simplicidade que a artista nos habitua. A “chuva” inunde-nos, provoca-nos. A sua simetria é patente e geranos um sentimento de certeza, de equilíbrio, de que nada deveria ser mudado, alterado.
Os títulos das obras espelham o interior da artista que se agarra por dentro quando, por exemplo, nos fala da “subtileza”. 
(...)
São obras harmoniosas entre si que espelham uma técnica muito característica
da pintora. O meu desafio é que se deixem envolver pela musicalidade da obra e que a contemplem demoradamente porque merece sem duvida que criemos um espaço interno de aceitação da novidade.

Teresa Almeida Rocha

Apresentação do Livro "O Brasão da Antiga Vila da Pederneira" Saavedra Machado



Hora do Conto na Feira do Livro


29 de julho de 2014

Prova Literária Biblioteca da Nazaré/Relógio d'Água Editores


Encontram-se abertas as inscrições para a edição deste ano da Prova Literária

  1. Destina-se esta prova a indivíduos maiores de 16 (dezasseis) anos;
  2. A data limite para entrega do texto a concurso será dia 12 de Agosto de 2014, até às 24h, no espaço onde se realiza a Feira do Livro (Centro Cultural da Nazaré);
  3. Deverão os concorrentes inscrever-se na Feira do Livro; por carta endereçada à sede da Biblioteca da Nazaré; através de correio electrónico, até ao dia 12 de Agosto de 2014, carecendo sempre de apresentação de documento de identidade, na forma presencial ou por digitalização do documento;
  4. É limitado o número de concorrentes aos primeiros 30 (trinta) inscritos;
  5. Constará a prova de um texto, em prosa ou em verso (conto, crónica, prosa poética, poesia versificada), a partir de um mote, igual para todos, que será dado aos participantes no acto de inscrição
  6. O texto a concurso não poderá exceder o espaço de duas páginas A4 (em caso de manuscrito), nunca ultrapassando 80 (oitenta) linhas de texto;
  7. O texto a concurso deverá ser entregue no interior de um envelope em branco. O texto deverá ser identificado por pseudónimo. No interior do envelope deverá ser incluído um outro envelope que contenha a identificação real do participante. Este envelope deverá apenas conter no exterior o pseudónimo do concorrente. Quem não obedecer a estas regras será automaticamente excluído do concurso;
  8. Presidirá à prova um júri de 3 (três) elementos nomeados pela Biblioteca da Nazaré, entidade organizadora da prova;
  9. Far-se-á apreciação dos textos tendo em atenção a qualidade literária, independentemente da extensão ou do género escolhido;
  10. Consideram-se, para a apreciação qualitativa, os seguintes parâmetros: apuro linguístico; originalidade; imaginação; capacidade de síntese; facilidade expositiva; equilíbrio estético e exploração da proposta apresentada.
  11. Haverá um primeiro classificado, a quem será atribuído, como prémio, um conjunto de livros da editora Relógio d’Água, no valor de 200 € Será comunicada a decisão do júri dia 16 de Agosto de 2014 na Feira do Livro, em horário a anunciar, não podendo haver qualquer recurso;
  12. Disporá a Biblioteca da Nazaré de todos os textos apresentados a concurso, para efeito de eventual publicação.
  13. É reservado ao júri o direito de não atribuir prémio, tanto por falta de qualidade dos textos como por outra razão ponderável;
  14. Será garantido, a todos os participantes, o direito de reserva de anonimato através de pseudónimo na avaliação dos textos e na sua publicação

25 de julho de 2014

39ª Feira do Livro da Nazaré

Arranca hoje a 39ª edição da Feira do Livro da Nazaré... 40 anos a construir um espaço do livro e da leitura...


Com a edição deste ano celebramos os 40 anos deste festival do livro, que se confunde com a edificação de um Portugal livre e democrático. Nestes 40 anos, e nestas 39 edições a Biblioteca da Nazaré (que também comemora os seus setenta e cinco anos) procurou assumir o seu importante papel no tecido associativo local. Transpusemos inúmeras barreiras e dificuldades, e oferecemos à nossa população, e também a quem nos visita, um espaço que resiste e acredita na divulgação do livro e da leitura como um dos principais pilares de uma sociedade mais humana e fraterna.
Ao longo destes vinte e dois dias, para além da simples venda de livros, passarão por aquele espaço e pelas ruas da nossa vila inúmeras actividades: animações para o público infantil, Prova Literária, Ronda Literária, presença de escritores e investigadores, projecção de documentário, duas exposições (Viagens e Outras Andanças da autoria de Rui Caria e Presenças de Letícia Oliveira), serão alguns dos múltiplos acontecimentos inscritos na 39ª Feira do Livro.
Sabemos que mais e melhor poderá ser feito. Sabemos que esse mais e melhor necessita de todos os contributos particulares e colectivos.