30 de maio de 2011

Gil Scott-Heron - "Da rua ao céu em seis décadas"






The Revolution Will Not Be Televised

You will not be able to stay home, brother.
You will not be able to plug in, turn on and cop out.
You will not be able to lose yourself on skag and skip,
Skip out for beer during commercials,
Because the revolution will not be televised.

The revolution will not be televised.
The revolution will not be brought to you by Xerox
In 4 parts without commercial interruptions.
The revolution will not show you pictures of Nixon
blowing a bugle and leading a charge by John
Mitchell, General Abrams and Spiro Agnew to eat
hog maws confiscated from a Harlem sanctuary.
The revolution will not be televised.

The revolution will not be brought to you by the 
Schaefer Award Theatre and will not star Natalie
Woods and Steve McQueen or Bullwinkle and Julia.
The revolution will not give your mouth sex appeal.
The revolution will not get rid of the nubs.
The revolution will not make you look five pounds
thinner, because the revolution will not be televised, Brother.

There will be no pictures of you and Willie May
pushing that shopping cart down the block on the dead run,
or trying to slide that color television into a stolen ambulance.
NBC will not be able predict the winner at 8:32
or report from 29 districts.
The revolution will not be televised.

There will be no pictures of pigs shooting down
brothers in the instant replay.
There will be no pictures of pigs shooting down
brothers in the instant replay.
There will be no pictures of Whitney Young being
run out of Harlem on a rail with a brand new process.
There will be no slow motion or still life of Roy
Wilkens strolling through Watts in a Red, Black and
Green liberation jumpsuit that he had been saving
For just the proper occasion.

Green Acres, The Beverly Hillbillies, and Hooterville
Junction will no longer be so damned relevant, and
women will not care if Dick finally gets down with
Jane on Search for Tomorrow because Black people
will be in the street looking for a brighter day.
The revolution will not be televised.

There will be no highlights on the eleven o'clock
news and no pictures of hairy armed women
liberationists and Jackie Onassis blowing her nose.
The theme song will not be written by Jim Webb,
Francis Scott Key, nor sung by Glen Campbell, Tom
Jones, Johnny Cash, Englebert Humperdink, or the Rare Earth.
The revolution will not be televised.

The revolution will not be right back after a message
bbout a white tornado, white lightning, or white people.
You will not have to worry about a dove in your
bedroom, a tiger in your tank, or the giant in your toilet bowl.
The revolution will not go better with Coke.
The revolution will not fight the germs that may cause bad breath.
The revolution will put you in the driver's seat.

The revolution will not be televised, will not be televised,
will not be televised, will not be televised.
The revolution will be no re-run brothers;
The revolution will be live.

27 de maio de 2011

Poema de Mário Cesariny

adres - não se escreve nas paredes (don’t write ont he walls) (via adres.81)



You Are Welcome To Elsinore


Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam



e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício



Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós



e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição



Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor



E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita



Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar 

Mário Cesariny

26 de maio de 2011

Sugestão de Leitura - Caderno Afegão - Alexandra Lucas Coelho

Texto de Isabel Coutinho 

“Cabul parece uma aldeia em silêncio. Um cão a ladrar ao longe, um carro.”
Ela teve em cima da mesa “melancia fresca, frutos secos e chá perfumado com cardomo.” E foi guiada por taxistas que se chamam Zabi e que nasceram por trás daquelas colinas. E que lhe disseram, como nos dizem os taxistas nascidos em Alfama: “Mas já não vivemos aqui.” E andou por estradas más.
Houve momentos em que teve que tapar a cara. E esteve ao lado de mulheres com o útero de fora. E viu bébés com restos de cocó seco nas nádegas e espinha bífida. Um dia acordou com tiros atrás da parede da cama dela, como se estivessem no quarto. E em Kandahar, na noite de 16 para 17 de Junho, o céu tremeu.
“2h30. O céu treme. Trânsito de aviões, talvez explosões, ao longe. Cães a ladrar, carros na estrada mesmo por trás da minha cama, e mais um avião lá em cima. Não sei o que está a acontecer. Não sei em quem confiar. Ninguém diz quem é, nem o que faz. O que estou aqui a fazer? É como se o céu a todo o momento fosse explodir.A Alexandra vive quase ao cimo da minha rua e quando foi para o Afeganistão cortou o cabelo ainda mais curto do que quando foi para o Iraque ( e ela tem um dos mais longos e bonitos cabelos que conheço). Depois lá, no avesso do nosso mundo, teve momentos em que pensou: “Que dia mais longo.” E percebeu que na Grande Mesquita Azul “tudo estava virado para dentro”.
Um dia a Alexandra arrumou a bagagem toda e regressou. Tudo isto foi como ela diz: “um privilégio”.
E assim nasceu “Caderno Afegão”, um dos livros mais bonitos que eu já tive nas mãos escrito por alguém que quando escreve, o faz sempre tão bem (como afirma o Carlos no prefácio).
A Alexandra vai. A Alexandra parte. Nós ficamos todos aqui, em Lisboa, com o coração nas mãos. E sofremos com ela quando lhe roubam o computador, quando o dinheiro lhe acaba, quando os amigos que ela tem espalhados pelo mundo correm perigo de vida porque querem contar ao mundo o que se passa naqueles lugares onde não nos atrevemos a ir nem em sonhos.
Eu tenho muitos amigos que ao longo destes anos me abriram os olhos. Fui a lugares onde nunca estive a olhar nos olhos e a fixar (durante horas, minutos e segundos) os lábios do Adelino Gomes, do Pedro Rosa Mendes, do Paulo Moura, do João Carlos Silva, da Alexandra Prado Coelho e da Bárbara Reis. Eles vão sem medo. E regressam com medo, com pesadelos, com histórias que às vezes nem conseguem contar. A Alexandra conseguiu.

25 de maio de 2011

Parabéns Zé Mário Branco





Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
P´ra levar de vencida
Uma razão de viver

A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho



Vejo a gente cuja a vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer

Vão poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P´ra consumir sozinho

Com políticas concretas
Ímpões essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro

No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo p´lo caminho
P´ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho

Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
P´ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos

Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quanda a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sozinho

Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P´ra quem é indiferente
Passar a vida a morrer

Há principios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho
E que morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho

José Mário Branco - Música do album Resistir é Vencer

Fome - um filme de Steve McQueen


Crítica Ípsilon por:

Luís Miguel Oliveira


Dirão, e temos lido dito (pelo próprio McQueen inclusive), que "Fome" é um filme sobre o IRA e sobre os seus mártires das décadas de 70/80. Quando o filme escolhe um protagonista (o que só acontece quando se chega ao "terceiro acto") escolhe Bobby Sands, o mais emblemático rosto desse martírio.
"Fome" descreve a luta dos encarcerados militantes do IRA pelo reconhecimento do estatuto de prisioneiros políticos, sempre oficialmente negado pelo governo britânico - todo um contexto que McQueen dá em elipses simples e brilhantes, com a reprodução (apenas na banda sonora) de trechos de alocuções de época de Margaret Thatcher. Antes do seu momento mais célebre, a greve da fome de que Sands foi o principal protagonista, os outros protestos: a recusa de envergar o uniforme prisional reservado aos criminosos comuns (os presos ficavam nus nas celas, só com umas toalhas para se enrolarem), e o "dirty protest", a recusa de toda a higiene. Este protesto seria difícil de filmar, como é difícil filmar a "porcaria".

McQueen resolve-o bem, como que modulando o seu grafismo: a porcaria, os dejectos e a comida apodrecida, transformam-se em "matéria", em autêntico material de pintura que os presos usam para transformar as celas em verdadeiras galerias de "arte povera". Toda esta primeira parte encena a vida prisional como uma ritualização, dos procedimentos legais à obstinação dos presos na sua disciplina de protesto. A razão política cedo se torna uma abstracção: trata-se de mostrar dois organismos colectivos (os presos e os guardas-prisionais) em confronto, um mecanismo de repressão e outro de resistência à opressão. Duas entidades quase "tribais", como o parece querer sublinhar a sequência (outro "ritual", onde as batidas ritmadas dos cassetêtes nos escudos dos guardas se assemelham a tambores cerimoniais) do espancamento dos presos - espancamento "revanchista" ou espancamento "altruísta" (quererão os guardas quisessem fazer quebrar a obstinação dos presos para bem destes?), a maneira como McQueen procura a expressão de uma humanidade (os olhos) em todos, guardas ou presos, deixa esta ambiguidade (assim como justifica o olhar piedoso, mesmo na brutalidade, para com o guarda por quem o filme principia e se mantém durante algum tempo).
Destes mecanismos "impessoais" emerge a personagem de Bobby Sands, e é através dele que "Fome" se vai transformar em filme sobre o sofrimento físico e psicológico plenamente aceite e, mais do que isso, auto-imposto. Tínhamos visto já (uma formidável cena de missa, como o mais estóico dos padres) uma pequena "convenção de Cristos": todos aqueles presos de barba e cabelo compridos, com toalhinhas brancas enroladas à cintura.
Quase um gag. Com Bobby Sands (Michael Fassbender) deixa de ser gag, e todo a parte final, que acompanha (pudica e elipticamente) a greve de fome, é uma "paixão de Cristo", a paixão de um outro Cristo (ou Cristo evocado através de outro indivíduo) - mesmo o extremo emagrecimento que Fassbender viveu para o papel faz um sentido especial (depois da "arte povera" do princípio, agora a "body art"...), tanto mais que o olhar de McQueen consegue permanecer doce sem fugir à crueza desse corpo (e a morte assume assume a figura de um bando de pássaros negros esvoaçantes, que vem assombrar a imagem, sobrepondo-se-lhe).
Como introdução a este último andamento víramos um dos mais espantosos planos que pudemos ver este ano: o longuíssimo plano fixo da conversa entre Sands e o Padre. Sands explica-lhe o que vai fazer, o Padre tenta demovê-lo, numa conversa em que os argumentos políticos se misturam com os religiosos. É o momento central do filme, pela grandeza do plano (o John Ford possível? É o plano por onde entra a nostalgia de uma Irlanda quase mítica, e é um plano que muito faz lembrar o mais célebre dos "planos fixos de conversa" de Ford, o de "Two Rode Together"), mas também por ser o momento em que a personagem de Sands é aberta, esventrada, e a sua obstinação de robot programado para resistir transformada numa pequena explosão de humanidade.
É partir daí que aquela personagem passa realmente a ser Bobby Sands, ao mesmo tempo, e pelo mesmo motivo, em que deixa de ser o Bobby Sands da História e passa a ser o Bobby Sands de Steve McQueen.

Assembleia Geral - Biblioteca da Nazaré


CONVOCATÓRIA


Assembleia-Geral


De acordo com o preceituado nos Estatutos e Regulamento Interno da Biblioteca da Nazaré, convoco todos os associados para uma Assembleia-Geral ordinária, a realizar no próximo dia 27 de Maio de 2011 pelas 21 horas na sua sede social.

ORDEM DE TRABALHOS

Ponto – 1: Aprovação do Relatório de Contas.

Ponto – 2: Eleição dos Corpos Gerentes para o biénio 2011/2013.

Nota: Se à hora marcada não estiverem presentes 50% dos sócios, de acordo com as normas estatutárias, a Assembleia funcionará 30 minutos depois, com qualquer número de sócios presentes.

A participação dos sócios nesta Assembleia é importante para a vida da nossa Biblioteca, pelo que apelamos à sua presença.


Nazaré, 13 de Maio de 2011



O Presidente da Assembleia-Geral



(Norberto Vila Verde Isaac)


*Para conhecimento dos sócios as contas encontram-se afixadas na Biblioteca

24 de maio de 2011

70ª Aniversário de Bob Dylan

No septuagésimo aniversário deste verdadeiro "monstro" da cultura folk, tomamos emprestado este magnífico texto de Sérgio Lavos, "republicado" no blogue Arrastão.


No Direction Home, fabuloso testemunho dedicado a alguém que já está além da História – da sua injustiça suprema, dos seus ciclos inevitáveis de vida e morte. E acaba por ser tudo menos curioso que Bob Dylan, uma das mais perfeitas encarnações do Homem americano, tenha sobrevivido ao peso de o ser persistindo numa reclusão casmurra, encerrado numa misantropia que é o espelho do seu génio. O documentário de Scorcese esquiva-se a grandes teorias – sempre uma armadilha – e concentra-se nos pormenores. As entrevistas perigosas, no fio da navalha; o relato dos músicos que o acompanharam; a reacção do público conservador da música folk aos concertos electrificados da digressão de "Bringing It All Back Home" – o seu álbum esquizofrénico; a zanga com Joan Baez.

O mistério de Dylan fascina por ter criado uma obra que configura o espírito de um tempo. E Dylan apenas se tornou um mito quando se rebelou contra as suas raízes e se reinventou enquanto músico. Em 1965, Dylan previu o fim da utopia do movimento hippie? Não será assim, apenas prosseguiu o caminho de uma outra utopia; no caso, criativa, espaço de singularidade artística. O seu maior feito – que ele, como se vê em No Direction Home, acaba por desvalorizar em termos de importância simbólica. Scorcese capta o percurso feito de desvio e transgressão, focando o seu olhar nos pormenores, seja uma entrevista ao músico em que este é provocado por um jornalista de intenções duvidosas, seja no relato feito no tempo presente, em que Dylan se expõe revelando as sombras desconhecidas da sua história.

Ao conhecermos o músico na intimidade das histórias durante tanto tempo guardadas, compreendemos melhor a razão das mudanças que ocorreram nos últimos 40 anos na América. Mérito para Martin Scorcese. Partindo do particular para o universal, tornando a micro-história pista de leitura para a grande História, sobretudo asseverando a importância da cultura pop para o entendimento pleno de uma sociedade, Scorcese atingiu a perfeição. Que tenha assim sucedido em forma de documentário, não me parece que venha mal ao mundo. O cinema também pode servir como testemunha de um tempo que vai passando. Para sempre."

Um Poema de Lorca

Cacida da Mulher Deitada 

O ver-te nua é recordar a Terra.
A terra lisa, limpa de cavalos.
A terra sem um junco, forma pura
e cerrada ao porvir: confim de prata.

  O ver-te nua é compreender a ânsia
da chuva que procura um corpo frágil,
ou a febre do mar de imenso rosto
sem encontrar
a luz de sua face.

O sangue soará pelas alcovas
e virá com espadas fulgurantes,
mas tu não saberás onde se ocultam
o coração de sapo ou a violeta.

Teu ventre é uma luta de raízes,
teus lábios, uma aurora sem contorno.
  Debaixo das rosas tépidas da cama
à espera de vez, gemem os mortos.


Federico Garcia Lorca 

BIOGRAFIA

Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.
Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".
Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade. A caneta calava-se, mas a Poesia nascia para a eternidade

23 de maio de 2011

Saudação à Nazaré em 1922

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Arquivo Digital da Biblioteca da Nazaré

Um texto de Afonso Baptista para o Jornal Probus em 1922, em que se exalta a beleza natural da Nazaré mas também se analisam as carências desta localidade

22 de maio de 2011

Poemas de Alexandre O'Neill



Há Palavras que Nos Beijam


Há palavras que nos beijam 

Como se tivessem boca, 
Palavras de amor, de esperança, 
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas 
Quando a noite perde o rosto, 
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor, 
Esperadas, inesperadas 
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama 
Letra a letra revelado 
No mármore distraído, 
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam 
Aonde a noite é mais forte, 
Ao silêncio dos amantes 
Abraçados contra a morte.


Mesa dos sonhos


Ao lado do homem vou crescendo 

Defendo-me da morte quando dou 
Meu corpo ao seu desejo violento 
E lhe devoro o corpo lentamente 

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem 
Todas as formas e começam 
Todas as vidas 

Ao lado do homem vou crescendo 

E defendo-me da morte povoando 
de novos sonhos a vida.


"Aos vindouros, se os houver"


Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;

que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem preçários, calendários, Pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;

computai, computai a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pràqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;

que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade.

19 de maio de 2011

O Povo da Nazareth (1899) - Número Um - Greve dos Pescadores da Nazaré


CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

O primeiro número do Semanário Independente "O Povo da Nazareth" dava destaque na primeira página à greve dos pescadores do mar alto contra o novo regulamento emanado pela Capitania do Porto...

18 de maio de 2011

Cidade aTravessa - Poesia dos Lugares - 18 e 19 de Maio


Evento de literatura que acontece em três cidades do mundo, chega a Lisboa
  
Depois de um ano atravessando Rio de Janeiro e São Paulo, o evento mensal Cidade aTravessa: poesia dos lugares cruza o oceano e aporta em Lisboa. Nessa primeira edição portuguesa (décima primeira do evento), nômades portugueses e brasileiros como Ana Luisa Amaral, Antonio Cícero, João Gilberto Noll e Fernando Aguiar, o francês Henri Deluy, o italiano Enzo Minarelli, além de outros poetas vindos do México, Holanda e Reino Unido, se reúnem na Casa Fernando Pessoa durante dois dias para celebrar as várias maneiras de dizer poesia. 
 
Com curadoria do escritor brasileiro Márcio-André, o evento surge com a necessidade de criar um núcleo móvel da palavra, unindo os movimentos de diversas partes do mundo e fazendo convergir as inúmeras vertentes poéticas atuais, em seu amplo aspecto de entendimento. Leituras, performances de poesia sonora, filmes que experimentam a palavra, poemas visuais, além de conferências instigantes e entrevistas abertas, levam ao público o que há de mais atual na poesia contemporânea. Tudo, claro, regado a absinto, bebida que se tornou símbolo do evento.
 
Em 2011, o Cidade aTravessa acontecerá revezadamente nas cidades de Lisboa, Rio de Janeiro e São Paulo, sempre com transmissão ao vivo pelo website do evento:
 
 
PROGRAMAÇÃO
 
18 DE MAIO
 
Abertura do evento: Inês Pedrosa
 
17h: Lançamento de livro 
Polipoesia, de Enzo Minarelli
 
18h: Filmes
O paradoxo da espera do autocarro e Cinco poemas concretos, de Christian Caselli
 
18h20: Leitura
Ruy Ventura (Portugal)
Ramón Peralta (México)
Victor Paes (Brasil, online)
 
19h: Entrevista aberta
Antonio Cicero (Brasil)
Henri Deluy (França) 
 
20h: Performance de poesia sonora
Fernando Aguiar (Portugal)
 
 
19 DE MAIO
 
17h: Conferência-bomba
Cartografia das igrejinhas na poesia portuguesa, traçada por dentro e por fora
Graça Capinha (Portugal, UC)
Arie Pos (Holanda, FLUP)
 
18h: Filme
Cidade reposta, de Márcio-André
 
18h20: Leitura
Ana Maria Ramiro (Brasil)
Guilherme Zarvos (Brasil)
João Rasteiro (Portugal)
 
19h: Entrevista aberta
Ana Luisa Amaral (Portugal) 
João Gilberto Noll (Brasil)
 
20h: Performance de poesia sonora
Enzo Minarelli (Itália)
 
 
Em exposição
Intervenção poético-visual de Ricardo Silveira