30 de novembro de 2011

176º Aniversário de Mark twain

O Saber da Experiência
É sempre melhor comprovar as coisas pela experiência do que apenas saber. Porque se se depende da adivinhação ou suposição ou de conjecturas, nunca se fica educado. Há coisas que não podemos descobrir mas nunca perceberemos se são desse tipo se não experimentarmos. Pois é, temos de ser pacientes e perseverar na experiência até compreendermos que não podemos compreender. E é maravilhoso quando assim é, torna o mundo tão interessante. Se não houvesse nada para descobrir seria uma chatice. Só mesmo o tentar descobrir e não conseguir é tão interessante como o tentar descobrir e consegui-lo, se calhar até mais, não sei... 
Mark Twain, 'O Diário de Adão e Eva'

16 de novembro de 2011

89º Aniversário de José Saramago

Hoje, 16 de Novembro, José Saramago celebra oitenta e nove anos... os grandes escritores mantêm aberta a janela da imortalidade...

"O Antonio Machado tinha razão quando escrevia «Caminante no hay camino, se hace camino al andar…», é assim. Os caminhos não estão feitos, é andando que cada um de nós faz o seu próprio caminho. A estrada não está preparada para nos receber, é preciso que sejam os nossos pés a marcar o destino, destino ou objetivo ou que quer que seja.

José Saramago
In José e Pilar. Conversas inéditas, Pág. 44

"Chamou-me pessimista – prosseguiu Abel – e acusou-me de ajudar, com o meu pessimismo, aqueles que querem o desamor entre os homens. Não lhe negarei razão. Mas note que a sua atitude, meramente passiva como é, não os ajuda menos, até porque, quase sempre, esses a quem se refere usam a linguagem do amor. As mesmas palavras, as suas e as deles, anunciam ou escondem objectivos diferentes."


José Saramago
In Claraboia


 

26 de outubro de 2011

Um Poema de Amor num dia de Inverno



QUANDO OUVI PELO FIM DO DIA
WALT WHITMAN

Quando ouvi, pelo fim do dia, como o meu nome havia sido
recebido com aplausos no Capitólio, ainda assim não foi
feliz para mim, a noite que se seguiu;
E, quando festejei, ou, quando os meus planos foram atingidos,
assim mesmo não me senti feliz;
Mas, no dia em que cedo me levantei, de perfeita saúde,
renovado, cantando, inalando o maduro fôlego outonal,
Quando vi a lua cheia, a oeste, ficando pálida e a desaparecer
na luz da manhã,
Quando vagueei sozinho sobre a praia e, despindo-me, me banhei,
rindo com as águas frias, e vi o sol nascer,
E quando pensei em como o meu querido amigo, o meu amante, estava a
caminho, Oh, então senti-me feliz;
Então, cada fôlego me foi mais doce – e todo o dia, meu alimento
me nutriu mais – e o belo dia passou bem,
E o seguinte chegou com igual alegria – e com o próximo, pelo fim da tarde,
chegou o meu amigo;
Naquela noite, quanto tudo estava calmo, ouvi as águas rolar
continuamente, lentas sobre as margens,
Ouvi o assobio sussurrado do líquido e das areias, como que dirigindo-se a
mim, cochichando, felicitando-me,
Porque aquele que amo dormia comigo sob a mesma coberta
na noite fria,
No sossego, nos outonais raios de luar, seu rosto inclinado
sobre mim,
Seu braço em redor do meu peito, suavemente – e naquela noite
fui feliz.




O desejo de WALT WHITMAN (Huntington, 1819 - Camden, 1892) foi sempre o de cantar em verso livre o homem moderno, o “homem novo”, com uma voz alegre, livre de inibições, enérgica e optimista, humana e humanitária, em contacto íntimo com a natureza e com a grandiloquência da América. “Leaves of Grass“, porém, foi considerado à época escandaloso, o que levou os seus leitores europeus a considerar Whitman bom demais para os americanos. William Butler YeatsEzra PoundHart Crane,William Carlos WilliamsFernando Pessoa, admiraram-no, como o louvaram mais tarde Allen Ginsberg ou Pablo Neruda, o chileno que lhe prestou tributo como pai fundador da poesia continental: Whitman fôra dos primeiros a trazer para a poesia onão-poético, o vulgar, o profano, em verso livre tomado hoje pela crítica especializada como tendo inaugurado o género Épico Subjectivo. Uma importante característica da personalidade deWalt Whitman menos vezes referida, é a importância que o americano deu em vida à caridade e ao altruísmo

24 de outubro de 2011

15 000 Visitas Depois



Pablo Neruda - Talvez


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

Poema de Mário Sá Carneiro





Além-tédio

Nada me expira já, nada me vive ---
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios... 


10 de outubro de 2011

RIFÃO QUOTIDIANO

RIFÃO QUOTIDIANO

Mário Henrique Leiria







                                                              Uma nêspera
Estava na cama
Deitada
Muito calada
A ver
O que acontecia
Chegou uma Velha
E disse
Olha uma nêspera
E zás comeu-a
É o que acontece
Às nêsperas
Que ficam deitadas
Caladas
A esperar
O que acontece

Mário Henrique Leiria

6 de outubro de 2011

Prémio Nobel da Literatura 2011



Texto original Aqui


TOMAS TRANSTRÖMER nasceu em Estocolmo, em 1931. É o poeta sueco mais traduzido em todo o mundo. «O meu pão diário é Quatro Quartetos de T. S. Eliot, que mastigo deliciosamente entre os dentes», afirmou um dia. Na sua poesia, plena de imagens que aludem ao mar e ao longínquo norte - imagens por vezes fantásticas, de inspiração post-surrealista - é perceptível o forte apelo que a natureza tradicionalmente exerce sobre a escrita dos poetas escandinavos. Tranströmer vive presentemente numa ilha, longe dos olhares do mundo e dos meios de comunicação social; anteriormente havia sido psicólogo, particularmente dedicado à readaptação de delinquentes juvenis. Em 1990 sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou em parte afásico e hemiplégico. Continuou, porém, a escrever tendo publicado mais três obras. Os poemas que se seguem são versões do castelhano, seleccionadas do livro “Para vivos y muertos” (tradução do sueco de Roberto Mascaro e Francisco Uriz), editado pela colecção de poesia Hiperión (Madrid, 1992). Segundo Louise Von Bergen que assina o prefácio desta obra, na «escrita deTranströmer há um equilíbrio controlado entre o fantástico e o exacto, entre a liberdade e a consequência lógica». Eis quatro poemas, com a devida vénia.



HISTÓRIAS DE MARINHEIROS

Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.

Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, más ténues que fumo de cachimbo.

(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite.

Ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio).

(1954)


§


A ÁRVORE E A NUVEM


Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.

Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.

(1962)


§


DESDE A MONTANHA



Estou na montanha e vejo a enseada.
Os barcos descansam sobre a superfície do verão.
«Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.»
Isso dizem as velas brancas.

«Deslizamos por uma casa adormecida.
Abrimos as portas lentamente.
Assomamo-nos à liberdade.»
Isso dizem as velas brancas.

Um dia vi navegar os desejos do mundo.
Todos, no mesmo rumo – uma só frota.
«Agora estamos dispersos. Séquito de ninguém.»
Isso dizem as velas brancas.

(1962)


§


PÁSSAROS MATINAIS


Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.

Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.

Não há vazios por aqui.

Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta que como foi caluniado
até na Direcção.

Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:

Não há vazios por aqui.

É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.

Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto.

(1966)

4 de outubro de 2011

Informação

Caros amigos, 

devido a problemas de ordem técnica e pessoal foi totalmente impossível garantir a actualização do blogue da nossa colectividade durante este período. 

A partir do dia de hoje voltamos ao ritmo normal de actualizações diárias.

Obrigado. 

15 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Vasco Sousa

Vasco Sousa está na Feira do Livro da Nazaré pelas 22 horas para apresentar o seu primeiro romance.


“Alcancei o cais com esforço. O suor corria-me pelas faces e as minhas mãos suavam de tal forma que poderia beber o meu próprio medo pelos pulsos. Comecei a andar na direcção da multidão. Na cidade, não se cumprimentam as pessoas, a não ser que precisemos delas. “Boa tarde, desculpe, como posso chegar ao Bairro da Chusma?” A densidade psicológica das personagens do Vermelho é complexa e assinala uma afirmação da importância da conquista da autonomia. O livro dá-nos a conhecer a história de dois irmãos que buscam o sentido para a vida de uma forma distinta, nunca perdendo de vista a referência paterna. A afirmação de Manuel é um espelho da imagem do seu Pai, repetindo, até certa altura e, de forma limitada, o seu percurso. O filho narrador, pelo contrário, sugere uma procura de sentido existencial que teima em explorar novas formas de estar. O seu desafio consiste na afirmação da sua identidade para além da sombra da pessoa do seu Pai. Foi necessário que se afastasse de todas as suas referências e saísse de casa, para conquistar a sua identidade, o seu “eu” único, não deixando porém, em nenhum momento, de ser filho do seu Pai. Um aspecto particular ressaltou para mim nesta história: todas as pessoas são únicas.

12 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Ronda Literária


Na sua segunda edição, esta iniciativa procura conjugar o prazer da tertúlia literária e gastronómica com a descoberta de espaços particulares que abrem as portas aos visitantes, permitindo-lhes um momento único de confraternização e descoberta.

8 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Passeios Literários


A partir de diversos textos escritos por escritores que visitaram a Nazaré no Passado/Presente, propõe-se a redescoberta desta localidade e dos seus pontos históricos e naturais mais emblemáticos.

6 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Manuel Monteiro


O romance conta a história de um homem vulgar, mas que, devido a duas características, vai viver uma vida invulgar. O personagem principal tem uma fobia que o faz perseguir homens famosos, para saber mais da sua vida íntima (Salazar, Álvaro Cunhal, Sebastião Alba, Herberto Helder) e que o conduz às mais mirabolantes aventuras. E tem um dom sexual (fruto da iniciação na juventude com uma prostituta do Bairro Alto) que faz dele um agente de felicidade para mulheres insatisfeitas, casadas e solteiras. No romance, um outro personagem adquire uma dimensão original: o gato Osborne, que toma a palavra e participa na acção, assumindo um papel decisivo no seu desfecho.

5 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Mário Zambujal



Mário Zambujal, autor de “Uma Noite Não São Dias” estará presente para uma conversa animada pelo jornalista Mário Galego .

3 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Os Portugueses de Fernando Pessoa


Os PORTUGUESES de Fernando Pessoa . A partir de textos de sociologia política e de opinião de Fernando Pessoa reflexão sobre a Identidade Portuguesa. Uma iniciativa da editora Alma Azul. Na Feira do Livro a partir das 22 horas

2 de agosto de 2011

Hoje na Feira do Livro - Dividocracia


Abordam-se as causas e os efeitos da actual crise da dívida, propondo alternativas, já realizadas noutros países (como o Equador), como uma auditoria democrática que conduza a um processo de reestruturação da dívida liderada pelos devedores. Obrigatório ver e divulgar. O caminho para a saída da crise faz-se por aqui.

30 de julho de 2011

Hoje na Feira do Livro - Aurora Rodrigues

Ao fim de quase quatro décadas, a magistrada do Ministério Público Aurora Rodrigues conta a sua história de presa política. É um impressionante relato da brutalidade das torturas da PIDE. E também uma história de carácter, de força e de resistência.

29 de julho de 2011

Hoje na Feira do Livro

Numa iniciativa inédita, o escritor Carlos Santos Oliveira, as Edições Cosmos e a Biblioteca da Nazaré irão oferecer 30 livros infantis intitulados "A Lição do Rinoceronte", às crianças que se deslocarem à Feira do Livro a partir das 22 horas.

25 de julho de 2011

Prova Literária Biblioteca da Nazaré| Assírio e Alvim

Estão abertas as inscrições para a prova literária. Consulte aqui o regulamento.


                                             Clique na imagem para ampliar

Agenda da Feira do Livro

Conheça aqui algumas das iniciativas da 36ª Feira do Livro da Nazaré. Outros eventos serão divulgados oportunamente.
                                         
 clique na imagem para ampliar

19 de julho de 2011

36ª Feira do Livro



A Feira do Livro da Nazaré nasceu no ano da liberdade. Trinta e sete anos e trinta e seis edições depois, ela continua a ser um espaço livre e de cultura. Um espaço que resiste e acredita na divulgação do livro e da leitura como um dos principais pilares de uma sociedade mais humana e fraterna.

Através do trabalho voluntário a Biblioteca da Nazaré transpõe a exiguidade do seu espaço físico, comprometendo-se com o público que a procura ansiando por encontrar novidades editoriais ou, simplesmente, uma recordação de ancestrais leituras. Sabemos que mais e melhor poderá ser feito. Sabemos que esse mais e melhor necessita de todos os contributos particulares e colectivos.

8 de julho de 2011

No sorriso louco das mães - Herberto Helder


No sorriso louco das mães

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e orgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo.
São silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos. Porque
os filhos são como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudez de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado
por dentro do amor.

Herberto Helder

6 de julho de 2011

A Época Balnear em Julho de 1911

Arquivo da Biblioteca da Nazaré - A Nazareth - 09-07-1911

Ciclo de Cinema Memória e Revolução

Ciclo de Cinema Memória e Revolução

Na segunda sessão do ciclo (hoje, 6 de Julho), organizado pela Cultra, CES e Casa do Brasil, serão exibidos os filmes «A Lei da Terra» (1977) e «Luta do Povo: Alfabetização em Santa Catarina» (1976), da Cooperativa Grupo Zero. A sessão terá lugar na Casa do Brasil (Rua Luz Soriano, 42, no Bairro Alto), sendo a projecção seguida de um comentário de António Loja Neves (jornalista e divulgador, programador e crítico de cinema) e de debate.

Sinopse («A Lei da Terra»): «A Lei da Terra é um documentário assinado pela cooperativa de filmes Grupo Zero, sendo a sua realização atribuída a Alberto Seixas Santos. Ideologicamente empenhado no apoio da luta dos trabalhadores, o documentário opta por uma abordagem de estilo objectivo: há uma narração em voz off que expõe os factos e contextualiza historicamente a luta dos trabalhadores agrícolas alentejanos. Pela voz de alguns entrevistados, declaram-se as condições de vida relativas ao emprego sazonal, ao trabalho jornaleiro incerto e árduo, às caminhadas longas, à fome e à miséria. Através de testemunhos, explica-se como as cooperativas se organizaram para trabalhar as terras abandonadas. Neste salto do particular para o geral, o exemplo tomado como regra cumpre uma função de validação e assume uma posição partidária da luta.»

Sinopse («Luta do Povo: Alfabetização em Santa Catarina»): «O golpe de Estado de 1974 desencadeou um processo revolucionário em que a modificação radical das relações que até então se processavam no seio da família, no trabalho e no conjunto da sociedade jamais permitiu retrocesso. Se muitos tentam pintar esse processo convulsivo, e inevitavelmente conturbado, como um desastrado momento de rebeldias gratuitas e simplesmente folclóricas, este filme da Cooperativa Grupo Zero contém a resposta mais cabal que poderemos dar a tais interpretações analiticamente pouco sérias. Naqueles anos de brasa, raras vezes se filmou tão judiciosamente o povo tomando nas mãos o seu futuro. Na aldeia Santa Catarina, no Alto Alentejo, o povo discute a sua vida, os seus valores, as suas necessidades. Um dos pontos de encontro é o curso de alfabetização. Alfredo é um dos alunos. Homem feito e "crestado" do trabalho na terra, só aos 44 anos pode finalmente a ler e a escrever o essencial, porque em pequeno tinha sido tempo de "trabalhar, passar fome e levar porrada." Com o advento da democratização, aprenderá as letras e com elas mais do que é a política, a participação no pulsar colectivo da sua comunidade, a vida organizada e livre de peias na cooperativa agrícola a que pertence.»

Sugestão de Leitura - O Viajante do Século

"O Viajante do Século" de Andrés Neuman

O Viajante do Século -“Um romance futurista que decorre no passado” Andrés Neuman faz a ponte entre passado e presente através de personagens fascinantes e de um argumento intenso, pleno de intriga, humor, mistério e paixão.
Um viajante enigmático.
Uma cidade em forma de labirinto da qual parece impossível sair.Hans, o cidadão errante que carrega o mundo inteiro dentro da mala de viagem, está prestes a partir de Wandernburgo quando conhece um velho tocador de realejo que o impede de deixar a cidade. Este encontro mudará irreversivelmente o destino de Hans, que vai ficando pela cidade onde as ruas que mudam de sítio o levam ao encontro de Sophie.O resto é amor e literatura: um amor memorável, que agita camas e livros de igual modo; e um mundo imaginário, que condensa, em pequena escala, os conflitos da Europa moderna.O viajante do século propõe uma experiência única: ler o século XIX com o olhar do século XXI.Oferece um mosaico cultural da Europa pós-napoleónica, que, como a de hoje, se debate com uma crise de identidade e em que encontramos muitos dos conflitos que animam os debates do nosso século.
  • Sobre O Viajante do Século
“Tocado pelo génio. A literatura do século XXI estará nas mãos de Andrés Neuman e de muito poucos dos seus irmãos de sangue.” por Roberto Bolaño

“Andrés Neuman é um grande escritor; na realidade, é já um grande escritor; o advérbio designa uma realidade segura, não uma promessa de contornos incertos. (…) A maturidade criativa de Neuman não foi obra do acaso e O viajante do século confirma plenamente a excelência narrativa do escritor.” por ABC de las artes y las letras“Andrés Neuman é um dos escritores mais escritores que conheço desde que li o seu primeiro romance. Tem o dom da palavra e da realidade. (…) É uma máquina literária. A sua verdadeira pátria são as histórias.” por Justino Navarro, El Pais“Uma catedral narrativa de proporções colossais. Se existisse uma frase que pudesse resumir este romance seria a de Horace Wallpole: ‘A vida é uma comédia para os que pensam e uma tragédia para os que sentem’.” por Que leer
Autor: Andrés Neuman
P.V.P.: 19,50 €
Data 1ª Edição: 2010
Nº de Edição: 1ª
ISBN: 978-989-672-022-3
Nº de Páginas: 524
Dimensões: 150 x 240 mmColecção: Alfaguara
Editora: Objectiva 
  • Sobre Andrés Neuman
Nasceu em 1977 em Buenos Aires. Filho de músicos emigrados, partiu ainda jovem para Granada, em cuja universidade estudou e foi professor de literatura hispanoamericana. 

Escritor, poeta e ensaísta, é autor: · Dos romances - Bariloche, La vida en las ventanas e Una vez Argentina· Dos livros de contos El que espera, El último minuto e Alumbriamento· Da colecção de aforismos El equilibrista· Do volume Década, que reúne os seus livros de poemasPrémios recebidos:· Hiperión de Poesia· Finalista do Prémio Herralde· No Hay Festival, foi eleito um dos melhores autores da nova geração nascidos na América Latina.· Em 2009 recebeu o Prémio Alfaguara de Romance - O Prémio Alfaguara de Romance é um dos mais importantes prémios literários de Espanha, atribuído anualmente a um romance inédito em língua espanhola· Prémio Tormenta para o melhor livro publicado em castelhano em 2009

28 de junho de 2011

Dois Poemas de Gustavo Adolfo Bécquer

É um sonho esta vida
Gustavo Adolfo Bécquer

É um sonho esta vida,
mas um sonho febril de um instante único.
Quando dele se acorda,
vê-se que tudo é só vaidade e fumo...
Oxalá fosse um sonho
bem profundo e bem longo,
um sonho que durasse até á morte!...
Eu sonharia com o meu e teu amor.

Enquanto houver uns olhos que reflectem
Gustavo Adolfo Bécquer

Enquanto houver uns olhos que reflectem
outros olhos que os fitam,
enquanto a boca responda a suspirar
aos lábios que suspiram,
enquanto sentir-se possam ao beijar-se
duas almas confundidas,
enquanto exista uma mulher formosa,
haverá poesia!


25 de junho de 2011

Poema de Cesare Pavese


Virá a morte e terá os teus olhos - Cesare Pavese


Virá a morte e terá os teus olhos-
Esta morte que nos acompanha
da manhã à noite, insone,
surda como um velho remorso
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma palavra vã, um grito calado, um silêncio.
Assim os vês todas as manhãs
quando te debruças sobre o espelho. Oh cara esperança,
naquele dia saberemos também nós
que és a vida e és o nada.
Para todos a morte tem um olhar
Virá a morte e terá os teus olhos
Será como deixar um vício
como ver num espelho
ressurgir uma face morta,
como escutar um lábio fechado.
Desceremos no remoinho mudos.


Verrà la morte e avrà i tuoi occhi-
Questa morte che ci accompagna
dal mattino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo. I tuoi occhi
saranno una vana parola,un grido taciuto, un silenzio.
Così li vedi ogni mattina
quando su te sola ti pieghi
nello specchio. O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noi
che sei la vita e sei il nulla. Per tutti la morte ha uno sguardo.
Verrà la morte e avrà i tuoi occhi.
Sarà come smettere un vizio,
come vedere nello specchio
riemergere un viso morto,
come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.
(di Cesare Pavese, 22 marzo 1950)

«A memória da luta parece infinita. Tecida na mais íntima matéria perecível, tão frágil, afinal, é de verdade. Sempre que releio Pavese, paro nas colinas: vício absurdo, eu sei.»

Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de Setembro de 1908 — Turim, 27 de Agosto de 1950) foi um escritor e poeta italiano. Nasceu nas Langhe (província de Cuneo), tendo-se mudado ainda em criança para Turim, donde se ausentou sempre apenas durante pouco tempo: passou um ano na prisão em Barcaleone (Reggio Calabria), comprometido por amigos políticos; passou algum tempo em Roma em trabalho para o editor Einaudi, de quem foi um dos mais eficazes conselheiros editoriais; suicidou-se em Turim em 1950. A sua tese de licenciatura foi sobreWalt Whitman e já não era um desconhecido quando em 1936 publicou Lavorare stanca: tinha já publicado e continuaria a publicar estudos sobre literatura norte-americana clássica e contemporânea, reunidos num volume (La letteratura americana e altri saggi) publicado postumamente em 1951.

16 de junho de 2011

FESTIVAL SILÊNCIO 15 a 25 de Junho em Lisboa

O FESTIVAL

DE 15 A 25 DE JUNHO . LISBOA

O FESTIVAL SILÊNCIO ESTÁ PRESTES A INVADIR VÁRIOS ESPAÇOS DA CIDADE



O Festival Silêncio afirma-se como um evento internacional que dá voz às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas em torno da literatura e do seu cruzamento com as outras artes que tem vindo a procurar posicionar Lisboa como capital da palavra.
Inserindo-se na rota dos festivais internacionais transdisciplinares em torno da palavra dita concebemos um festival literário inovador que dinamiza um conjunto de equipamentos culturais da cidade criando um palco multidisciplinar que, desde a primeira edição em 2009, tem vindo a trazer a Lisboa grandes nomes da cena literária e artística internacional. Atentos aos novíssimos movimentos que cruzam a palavra com a música, artes cénicas ou vídeo e imprimem à poesia uma nova dimensão, desafiamos criadores nacionais e estrangeiros de diversas áreas a apresentarem projectos que cruzem a palavra com as diferentes artes, espelhando assim a vitalidade dos novos movimentos em torno da palavra dita. Esses movimentos, ao invadirem os palcos de inúmeros festivais internacionais, vêm comprovar a sua enorme relevância na criação artística contemporânea; nomeadamente no contexto da transdisciplinaridade e cruzamento com outras artes e na transversalidade dos seus públicos. Através de espectáculos de spoken word, poetry slam, conferências, film poetry, documentários, workshops, instalações, performances, lançamentos e leituras encenadas, o Festival Silêncio aposta na transversalidade e abre caminho para a conquista de novos públicos. Nesse sentido, o Festival Silêncio pretende não só dar a conhecer o trabalho de alguns dos artistas internacionais mais proeminentes desses novos movimentos, como também promover a criação de projectos a nível nacional provocando encontros entre jovens artistas estreantes e oriundos de diferentes áreas.